terça-feira, 7 de junho de 2011

A diferença entre nós e eles

http://estadao.br.msn.com/ultimas-noticias/procurador-geral-arquiva-representações-contra-palocci

Post by Maurício Soares Bohrer

Nesses últimos dias, onde as discussões sobre corrupção ganharam mais intensidade na mídia em função do caso Palocci, algumas coisas no cotidiano me saltaram aos olhos e me fizeram pensar um pouco. Não pensei no porque estamos nessa situação, mas no porque acho difícil que a gente veja uma solução no curto prazo.

Não estou sentenciando o nosso ministro. Mas é que escutamos no rádio e vemos na TV uma enxurrada de notícias sobre políticos desviando dinheiro, alguns setores do funcionalismo público com salários nababescos se auto-reajustando a taxas mais do que convenientes, entre outras situações que nos deixam desanimados com o futuro do nosso país.

O uso indiscriminado do poder é algo que nos deixa revoltado quando paramos para pensar no que acontece com a nossa política (especialmente quando chega o holerite), mas por que no dia a dia não paramos para nos revoltar com força contra essa situação?

Quando eu ando na rua, acho rapidamente a resposta para isso. É que a diferença entre nós e eles está apenas no nível de poder que nos é concedido.

Qual é exatamente a diferença entre um político que aceita uma propina para facilitar uma licitação e uma "pessoa comum" que percebe um troco que foi dado a mais por um comerciante e se omite? (E que possivelmente pensa: "Isso nem vai fazer falta pra ele, deve ganhar muito dinheiro com isso").

Qual é exatamente a diferença entre um político que vira as costas pro corte ilegal de madeira no norte e uma "pessoa comum" que joga lixo no chão da rua?

Você pode pensar: Você está colocando no mesmo barco pessoas que cometem faltas de gravidade muito diferente.

E eu vou concordar com você, mas vou jogar uma perspectiva diferente: E se colocássemos o político no lugar da "pessoa comum" e vice-versa? O que aconteceria?

A verdade é que a nossa realidade política é reflexo de como é o espírito da nossa sociedade. No entanto, nós vemos claramente onde os políticos erram, mas é mais fácil culpar eles do que olhar pra dentro e dizer: "Mas eu estou fazendo um monte de sem-vergonhice também!" (NÃO TIRE O SEU DA RETA!!!)

Eu fico impressionado com a normalidade com que as pessoas encaram (passivamente!!!) a falta de respeito com o próximo e as conseqüências disso no longo prazo. É realmente triste quando você fica bravo quando pessoas ultrapassam pelo acostamento e teus conhecidos te dizem que isso não é nada demais.

Quando você aceita como normal uma contravenção, você passa a aceitar mais e mais. E vai se achar no direito de fazer uma, pensando que o impacto "não é assim tão grande" para as pessoas em volta.

E se você fica calado quando vê algo errado acontecendo, também está contribuindo para manter a realidade tal como está. Não estou dizendo pra fazer uma bobagem do tipo discutir sozinho com um lutador de Jiu-Jitsu que leva seu pitbull sem focinheira na rua. Mas usar a cabeça e/ou usar bom-senso é o melhor remédio para, quem sabe, termos um nível melhor de pessoas nos representando.

E se você ainda acha que vai pagar de babaca sendo um "super-certinho"? Então vai a dica: Reveja no seu holerite a linha de impostos retidos na fonte, pense que o ICMS aqui no RS é de 25%, que o combustível é 50% imposto, que pagamos imposto sobre imposto e repense sobre isso.

Fecho o texto me apropriando de uma frase do Ghandi: "Seja a mudança que você deseja ver no mundo!".


"Vamos celebrar a estupidez humana
A estupidez de todas as nações
O meu país e sua corja de assassinos
Covardes, estupradores e ladrões
Vamos celebrar a estupidez do povo
Nossa polícia e televisão
Vamos celebrar nosso governo
E nosso estado, que não é nação."

                             Renato Russo

3 comentários:

Danielle disse...

Sem palavras! Concordo em gênero, número e grau! Uma bela reflexão para fazermos em nosso cotidiano!
Obrigada por mais uma contribuição na minha vida e na vida de todos!
Beijos, Dani!

Marcelo Augusto Ferreira disse...

Sim, os políticos são um extrato da população. "Um povo tem o governo que merece", já diz o ditado... De qualquer forma, não é só aqui, é uma pandemia essa coisa de falta de consciência. Não fosse assim, também o mundo inteiro não estaria sofrendo de catástrofes ambientais, fome e miséria... Os países desenvolvidos têm muita dívida para com os demais, sempre explorando, visando a mais valia, com barreiras alfandegárias e tudo mais... Tá na hora da humanidade acordar, antes que seja mais tarde ainda, pq tarde já é...

Kath Adami disse...

Eh isso amigos, há muito estava querendo fazer isso, abrir uns momentos de reflexão no blog acerca de nossas atitudes, nossa vida, o que fazemos para melhorar,e isso inclui política, meio ambiente, sociedade, nossa atitude perante os acontecimentos.
Este texto do Mauri "caiu como uma luva" para iniciar esses momentos aqui...neste espaço diversificado... de cabeças pensantes!!
Agradeço a todos que estão lendo, comentando e refletindo, este é o começo de tudo!
Obrigada!
Bjos!