O rasteira esteve fora por vários motivos, o mais recente é meu envolvimento com os estudos. E como tudo na vida dá uma boa história, volto a escrever e publicar no meu querido blog...eeeeee!!!!
Comecei a me envolver nos concursos meio que por acaso. Foi uma sugestão da minha amiga virtual, amiga de um amigo, colega de profissão, a qual fui apresentada via msn, com o propósito de colher dicas do mercado de trabalho em Porto Alegre... uma pequena observação, voltei para minha cidade natal, a capital gaúcha.
A guria me disse que ia fazer um tal concurso: “- vou é fazer concurso que paga 5 mil e ainda tem estabilidade!! Faz também...”
Não estava fazendo muita coisa, sigo ainda com minhas palestras, voltei do interior desempregada, frustrada por não ter entrado no Mestrado justo pela falta de verba, voltei para casa dos pais, o que para muitos é o fim, juro que não para mim, não sou super fã de morar sozinha, tinha grana suficiente para viver sem trabalhar fixo um tempo, decidi: “vou seguir o conselho da colega e entrar nessa de prestar concurso”.
Tentei começar pelo que chamei de “estudar por conta”, mas não rolou. Acabei iniciando um desses cursinhos preparatórios, indicado por outra amiga, que hoje é funcionária concursada, que beleeeeeza!!
Não sou um exemplo de CDF, mais pela rebeldia que me é natural, do que por não gostar de estudar. Também sempre fui daquelas alunas, digamos, “relaxadas”, acho que por ser atrapalhada mesmo, meus cadernos são recheados de corretivos, minha letra é horripilante, meus polígrafos sempre cheios de “orelhas” ou pingos de café, minhas canetas são aquelas que ganho dos distribuidores, sabem, aqueles gatos que representam laboratórios, editoras. Cheguei a ser chamada de “relaxada” várias vezes pela professora de artes no tempo do colégio, e quando peguei recuperação, sim, em artes, só passei porque minha colega, mega talentosa, fez o trabalho de montar, pintar as pirâmides para mim... ficou um capricho, e ainda lembro da “profi” perguntando: “- foi você quem fez?”.
Matriculada no curso, sem nem ter me inscrito para uma prova de concurso ainda, recebo um monte de material novinho. Primeira aula, curso em andamento, entro meio perdida na sala que me mandaram, com os fones ouvindo algo do tipo: “Girls just want to have fun de Cyndi Lauper”.
Caneta, não levei; caderno, muito menos, pego o polígrafo e me toco a escrever na capa mesmo, isto depois de descolar um lápis com uma colega. Logo no intervalo, recreio, para alguns, corri e comprei o lápis mais barato que encontrei. Absurdo o preço dos materiais escolares!
E dá um ânimo voltar a estudar, além de ser divertido também. Reencontrei uma colega da faculdade, conheci muitos profissionais, professores e alunos, de todas as áreas. E dei muita risada...
É colega que não pode ver você escrever que já quer tirar xerox, sabem aquelas piradas por matéria?!: “- daonde é este polígrafo que eu não tenho?!!” Me divertia com suas canetas fluorescentes marcando desesperadas seus textos. Era uma fissuração por colorir, grifar, de todas as cores imagináveis, canetas estilosas, e eu com uma caneta que ganhei de brinde e uma lapiseira, também “promocional”, com o grafite “na unha” de tanto apertar demais a ponta, escrevo tão forte que ás vezes até furo a folha, quebrando o grafite, como consequência. Mas a folgação mesmo era o fato de eu nunca ter folha de rascunho para escrever, não levava caderno, muito peso, e minhas folhas nunca eram suficientes para tantas anotações. Vivi de doação de folhas de cadernos e usei todos os horários que peguei impresso na secretaria, os meus e o das minhas queridas colegas nutricionistas: “- não tem onde anotar colega?...peraí que vou ver se tenho um horário da semana passada sobrando enfermeira!”.
Engraçado também aqueles alunos que acham que estão em casa, ocupam duas cadeiras, uma eles sentam, na outra, largam sua bolsa, seu super arquivo, seus tantos polígrafos e livros, seu copo com café, tiram seus sapatos, e ainda ocupam uma terceira cadeira para apoiar seus pés cascudos, expondo aquelas unhas por fazer, enormes, não é lenda que concurseiro prioriza os estudos, cheguei ao ponto de assistir aula de manhã, de tarde e de noite. Mas faço uma ressalva, com meus pezinhos sempre em dia ok? Sou uma Lulu 5Fab’s.
Nestas fases de “baixar a cabeça” e estudar, além de inevitavelmente você se afastar das badalações e dos amigos, você fica focada, tipo sem visão lateral, a não ser para aquele colega gato da educação física, ou o xavequeiro que afirma que frequenta o curso só para ficar olhando as colegas. Presenciei o amor acontecer em apenas dois meses de curso, juro!! Presenciei hein, eu estive preocupada em estudar língua portuguesa, língua inglesa... Nem vou escrever sobre as paqueras no e-mail da turma: “- hei, é você o colega daquele caderno do grêmio de capa duuuura...?!”.
Para as atrapalhadas como eu, este “desligamento” da realidade é fatal. Fui ao banheiro no final de uma aula e saí com o vestido pendurado na calcinha!! Sorte foram as gurias que estavam falando com o professor e correram para arrumar minha saia, teria sido eu andando pelo centro com a saia para cima! Era cômico ver os alunos saindo do meio da aula, quando se davam conta que estavam estudando as leis do SUS e não da Constituição Federal, ou vice-versa. Folheia o polígrafo, não localiza aquele artigo, olha para os lados, nenhum conhecido, levanta de mancinho, mas com o estojo aberto, derruba tudo no chão... fora as vezes que adentrava um atrasado na sala chutando...o lixo!!
Chegou a rolar um boato entre as alunas do concurso do magistério, de que pegaram pulgas na sala de aula!! Devia ser verdade, porque soube de inúmeras reclamações na direção e algumas me garantiram que foram picadas. Cheguei a brincar com elas:”- sina de professora, piolho nos colégios e pulgas no curso!”.
Teve um sábado que bati meu recorde, dez horas direto assistindo aula. Não faltaram as colegas "mãe Diná”: “- tu vai passar, tá te esforçando mesmo” ou “- tu vai entrar, tu é muito estudiosa, concentrada...”, ou as preocupadas: “- emagreceu muito, ta comendo mal”, ou as curiosas: “- o que tu tanto anota hein?” ou “-acertou quantas desta vez?”.
Quanto à prova e inscrição para concurso, tenho uma história ótima, mas vou deixar para o próximo post, que neste eu já me estendi demais. E tenho o desafio agora de reconquistá-las e reconquistá-los, mas sei que será na rasteira e salto alto que nos reencontraremos em alguma das minhas aventuras, em que qualquer semelhança com a realidade nunca é mera coincidência.
PS: Lulu 5Fab’s: grupo das gurias da turma, Fab’s de fabulosas, nossos encontros são o Dia do Pode, daquele post: http://rasteiraesaltoalto.blogspot.com.br/2011/03/o-dia-do-pode.html
"Roubar
Subtrair uma parte qualquer
Da metade do que não é nada
A não ser um pedaço qualquer
De alguém
Viver
Repetir todo o dia a tarefa
De ser um a mais
Uma parte qualquer da metade
Do que não é nada a não ser
Alguém"
Papas da Língua